ARTIGO: O Richelieu do século XXI*
Armand Jean du Plessis (Paris, 09 de setembro de 1585 – 04 de dezembro de 1642), mais conhecido na história como o Cardeal de Richelieu, Duque de Richelieu e de Fronsac, é tido como um dos mais maquiavélicos e astutos políticos da história da humanidade. Guindado à posição de primeiro-ministro do Rei Luís XIII, entre […]
Armand Jean du Plessis (Paris, 09 de setembro de 1585 – 04 de dezembro de 1642), mais conhecido na história como o Cardeal de Richelieu, Duque de Richelieu e de Fronsac, é tido como um dos mais maquiavélicos e astutos políticos da história da humanidade. Guindado à posição de primeiro-ministro do Rei Luís XIII, entre 1628 a 1642, foi o grande arquiteto do absolutismo na França. Ficou no cargo até sua morte em 1642.
Luiz XIII, que subiu ao trono aos 14 anos, era considerado um rei fraco, cujas decisões eram, na verdade, orientadas pelo seu primeiro-ministro, que ditava a forma de governar e a gestão da administração das políticas internas e externas. Na sua luta pelo poder, Richelieu desprezou a batina de cardeal e sacrificou a própria mãe, a rainha Maria de Médicis, que foi deportada e morreu exilada em Colônia, na Alemanha.
Trezentos e setenta e oito anos depois, o Brasil parece querer reviver o tempo de Richelieu, não com as mesmas características do absolutismo na França dos séculos XIV e XV, mas com a mesma vontade de tomada do poder, através de artifícios e manobras de bastidores. É o que vem, cada vez de forma mais clara, fazendo o então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que age, tanto aqui como no exterior, como um primeiro-ministro do Brasil.
Com as manobras de bastidores e declarações que confrontam a autoridade do presidente da República, Jair Bolsonaro, Rodrigo Maia flerta abertamente com a possibilidade de queda do governo, quer seja pela possibilidade de um impeachment ou pela renúncia. E, valendo-se da sua liderança na Câmara dos Deputados, tenta pautar o próprio governo, com ingerências diretas na própria ação do Poder Executivo, como no caso do fatiamento de R$ 30 bilhões do orçamento, que seriam executados pelo Poder Legislativo Federal.
O mais claro e evidente sinal de maniqueísmo se verificou na semana passada, quando reuniu amigos parlamentares em uma espécie de festa de aniversário dos 60 anos do senador Aécio Neves (PSDB-MG) em seu apartamento funcional em Brasília. Com uma plateia abertamente hostil ao presidente Jair Bolsonaro, Maia protagonizou o assunto dominante na festa, que foram as apostas sobre o tempo em que o presidente deverá se aguentar no cargo. Na trupe de amigos, figuras como o ministro Gilmar Mendes (Supremo Tribunal Federal), o governador fluminense Wilson Witzel (PSC), e o secretário do Meio Ambiente do Distrito Federal, Sarney Filho (PV), além de petistas como Arlindo Chinaglia e Paulo Teixeira.
Existe uma clara disputa pelo poder e a tática tem sido a de manter-se como protagonista das críticas diretas não ao governo, mas ao presidente Jair Bolsonaro. Maia age como porta voz dos grupos de oposição, na medida em que procura capitalizar quaisquer situações que deem combustíveis a embates diretos do governo com os grupos de oposição.
Nessa luta pelo desgaste para forçar uma hipotética renúncia, ele chegou mesmo a criticar uma suposta falta de ação do governo ante a crise econômica causada pela pandemia do coronavírus, que não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, vem causando estragos. E o caminho tem sido via Câmara, como na derrubada do veto presidencial em uma particularidade do orçamento, que vai forçar um aumento de gastos obrigatórios de R$ 20 bilhões. Ou na disputa pela fatia de outros R$ 30 bilhões em emendas impositivas para os integrantes do Congresso, o que na prática engessaria o Poder Executivo, que ficaria refém do Congresso.
Na semana anterior, o ministro da Fazenda, Paulo Guedes, anteviu o ápice da crise, afirmando que o dólar chegaria a R$ 5, “caso se fizesse besteira na economia”. Na semana passada ele afirmou: “Não sou eu, governo. Somos todos nós, Congresso, presidência, ministros, opinião pública informada pela mídia. Todos nós somos responsáveis. É hora de explorarmos a disputa e jogarmos os poderes contra os outros com pequenos deslizes de comentários, ou é hora de tentarmos ver corretamente o que está sendo transmitido e tentarmos construir a saída juntos?”.
Pois é. Está dado o recado.
* Adilson Fonseca é Jornalista e escreve nesse espaço sempre às quartas-feiras.
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