Recenseadores do IBGE relatam dificuldades na realização do Censo 2022

Principais problemas são o receio em informar dados, ausência nas casas, medo de violência e atrasos nos pagamentos


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Bruno Brito 07/10/2022 15:34 Cidades

Os recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estão enfrentando diversas dificuldades na aplicação das pesquisas do Censo 2022. Segundo os profissionais ouvidos pelo Portal M!, entre os principais problemas está o receio da população em informar dados, ausência de pessoas nas casas, o medo diário da violência e atrasos nos pagamentos.

Nas ruas desde o dia primeiro de agosto, o recenseador Walber Pinheiro aponta que as dificuldades são acompanhadas de tudo um pouco. “A gente tem a dificuldade de não encontrar as pessoas em casa, até mesmo por entender que no horário comercial elas estão trabalhando ou em algum outro tipo, e para isso, temos a ida aos finais de semana”, explicou.

Ele também comenta sobre o receio da população em fornecer os dados para a pesquisa. No entanto, ele explica que, na medida que o Censo avança, essa barreira tem diminuído.

“Outra dificuldade principal, por estarmos na era do medo, é a questão do fornecimento dos dados, pelo receio de golpe, porém, na medida que o tempo passa, já estamos no segundo mês, é algo que está diminuindo. E também tem a questão da violência, temos diversos recenseadores que foram assaltados, não apenas em Salvador, mas em todo o Brasil”.

Sobre a questão do fornecimento dos dados, o recenseador explica que, a cada dia que passa, a população vem tomando mais conhecimento e esse problema está diminuindo. “Queremos que a população entenda o trabalho do recenseador, é o cargo que bate de casa em casa, que muitas vezes não é bem recebido, é algo que vem diminuindo, mas tem muito a ser feito, para entregarmos um Censo profissional, com o máximo de assertividade”, disse.

De acordo com dados da Unidade Estadual do IBGE na Bahia, o Censo 2022 já visitou 83,1% dos domicílios ou 4,4 milhões de residências e já contou 8,5 milhões de pessoas no Estado. O total da população recenseada na Bahia até o momento, 8.510.836 pessoas, representa 57,2% do total estimado para o estado, que é de 14.873.064 pessoas.

Já a recenseadora que atua na região do Nordeste de Amaralina, Thaiane Costa Mendonça Alt, destaca que outra dificuldade enfrentada está sendo os atrasos no pagamento. Apesar de não ter sofrido com atrasos, ela conhece pessoas que tiveram diversos atrasos, e que não receberam o auxílio do treinamento, no valor de R$ 200.

“Eu sou um ponto fora da curva, porque a maioria das pessoas tiveram atrasos, e não é por pouco que as pessoas tão paralisando, desistindo. Muitas pessoas desistiram por isso. Não dá para trabalhar, pagar transportes todos os dias, tirando R$ 10 do bolso sem receber. É realmente complicado”, relatou.

Thaiana também aponta que, a insegurança e desconfiança por parte da população, em meio ao período de política, tem sido grande. Por conta desse cenário, ela defende a necessidade de se trazer informações da importância do Censo na formulação de políticas públicas, além de retratar a sociedade brasileira como um todo, com suas limitações e desigualdade.

“São iniciativas de extrema importância para conquistar a confiança da população. Além disto, um ponto importante também é a criminalidade, que limita nosso trabalho, afinal a desconfiança prevalece nesse aspecto. Mas, isso tem sido contornado através de um diálogo aberto com à população”, contou.

Mesmo assim, a recenseadora afirmou ter passado por “maus bocados”.  “Já passei por ‘maus bocados’, com tiroteios que limitaram meu trabalho, mas ao mesmo tempo, a população também me ajudou a identificar períodos de risco”, ressaltou.

Falta de recenseadores

Na última segunda-feira (3), o IBGE anunciou o adiamento do fim da coleta de dados do Censo Demográfico deste ano até dezembro, por conta da falta de recenseadores. A previsão anterior era de encerrar no final de outubro. De acordo com a Coordenadora de Divulgação do Censo na Bahia, Mariana Viveiros, em todo o país há um déficit importante de recenseadores.

Em todo o país, o número de recenseadores é de 95.448, segundo o IBGE. O número representa apenas 52,2% do total de vagas disponíveis e previstas para a operação, que era de cerca de 183 mil. Segundo Viveiros, o maior déficit está nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

“A grosso modo, estamos com metade das vagas ocupadas. Isso porque, temos dificuldade, principalmente nestas regiões. Então, em estados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, temos poucos recenseadores trabalhando”, apontou.

Ela indica, no entanto, que no Nordeste o cenário é um pouco melhor. Na Bahia, por exemplo, 10.070 vagas estão ocupadas das 12.485, o que corresponde a cerca de 80%. Já em Salvador, estão ocupadas 1.843 vagas, das 2.617 disponíveis.

“A Bahia, como um todo, não tem um problema de déficit de recenseadores, estamos com cerca de 80% das nossas vagas preenchidas. Em Salvador, a nossa média de recenseadores trabalhando é um pouco menor, temos cerca de 70%. Mas, como o Censo é nacional, precisamos que todos consigam fazer o Censo, e por isso, tivemos a prorrogação”, explicou.

A coordenadora de divulgação do Censo na Bahia apontou também, que não tem ocorrido um problema de ritmo, mas sim, que existem desafios, sobretudo, na capital. Entre eles, está o ponto indicado pelos recenseadores, que é a dificuldade em encontrar as pessoas em casa.

“Nosso percentual de domicílios com morador ausente, que é quando mora alguém no local, mas não o encontramos, é de 7,9%. Esse é o nosso grande desafio, de forma geral. Neste caso, precisamos voltar e é algo que causa um desgaste, fazendo com quem alguns desistam, pela dificuldade em concluir o trabalho”, observou. A nível de comparação, o percentual de recusa, que é quando a pessoa não quer responder ao Censo, é de 1,7%.

Ela também lista como desafios, além dos moradores ausentes, a questão da segurança pública e da dificuldade em acessar áreas de condomínios. “Além dos moradores ausentes, temos áreas que não conseguimos entrar, seja por questão de segurança pública ou em áreas de condomínio, alto padrão, em que temos dificuldade para ser recebido, é algo que acontece muito”.

Motivos

Já sobre os motivos que levam ao Nordeste ter um déficit menor de recenseadores, Mariana acredita que haja ligação com as diferentes dinâmicas de mercado de trabalho. “No Sul e Sudeste, por exemplo, são mercados de trabalho mais dinâmicos, e as pessoas acabam tendo outras oportunidades profissionais, enquanto no Nordeste, há um mercado de trabalho mais difícil, com taxas de desemprego maiores, e aí o trabalho no Censo se torna mais importante, mesmo que de forma temporária”, avaliou.

Prazo

Com relação à prorrogação do prazo, a coordenadora de divulgação do Censo na Bahia apontou que o objetivo é trabalhar para que o prazo não precise ser utilizado. Ela apontou ainda, que há a intenção de utilizar os recenseadores baianos para colaborar na coleta em outros estados.

“Estamos trabalhando para tentar não usar o prazo prorrogado, porque quanto mais cedo terminarmos, também podemos ajudar outros estados, é algo que acontece e é financeiramente muito vantajoso, se deslocar para ajudar outros estados, é algo que acontece e estamos trabalhando para isso”, afirmou.

De acordo com ela, diversos municípios baianos já estão com mais de dois terços da população recenseada. “É um ritmo excelente, para terminar no fim de outubro. Então queremos que esse ritmo não caia, para que possamos terminar dentro do prazo. Em Salvador, achamos que será um pouco mais difícil, porque está um pouco mais atrasada em relação aos demais municípios baianos, e é algo que esperamos das cidades maiores”, indicou.

Atraso nos pagamentos

Sobre o atraso nos pagamentos, Mariana indicou que, realmente houve uma dificuldade importante no primeiro mês do censo, em que houve um atraso por conta de um problema nos sistemas IBGE, mas que já foi sanado. De acordo com ela, o que alguns recenseadores consideram atraso, são na verdade, prazos para pagamento.

“O que temos, na verdade, e que alguns recenseadores consideram um atraso, são prazos para pagamento, que são procedimentais, já estabelecidos para esse tipo de transação. O recenseador, por exemplo, ao finalizar um setor, ele não recebe imediatamente, e tem até 15 dias para receber, mas é algo que causa insatisfação. E com isso, adotamos desde agosto, uma séria de ações para tentar favorece-los financeiramente, a exemplo do adiantamento de metade do trabalho realizado na área, em até cinco dias úteis”, disse.

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