Economia do Brasil cresceu bem abaixo da média global na pandemia
A situação é ainda pior quando se analisa a média em dez anos (2012-2021)
O Brasil ocupa a 32.ª posição num ranking de crescimento econômico de 50 países nos últimos três anos. Entre 2019 e 2021, o Produto Interno Brasileiro (PIB) cresceu 0,59% ao ano, ante média mundial de 1,54%, de acordo com cálculos do economista Sergio Gobetti, feitos a pedido do Estadão, a partir de dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Nesse período, que abarcou os anos da pandemia da covid-19, a economia dos EUA cresceu 1,45% ao ano; os países da Zona do Euro, 1,25%; e a Ásia, 2,17%. A China, epicentro da pandemia, cresceu 5,4% ao ano no último triênio. As comparações contrariam argumentos da atual equipe econômica, que tem ressaltado dados favoráveis sobre a economia brasileira em ano eleitoral.
A situação é ainda pior quando se analisa a média em dez anos (2012-2021): avanço de 0,33% ao ano, quinto pior desempenho entre 50 países, à frente apenas de Grécia, Ucrânia, Argentina e Itália. “Costumávamos falar que os anos 1980 haviam sido a década perdida pelo fato de a economia brasileira ter crescido menos de 2% ao ano, mas agora descobrimos que a verdadeira década perdida é a que estamos vivendo”, diz Gobetti.
Mesmo que o PIB cresça perto dos 3% estimados pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, o ritmo será inferior ao do resto do mundo, segundo projeções do FMI, que estima expansão de 3,2% para a economia mundial em 2022. Oficialmente, o Ministério da Economia projeta alta de 2,7% neste ano.
A série histórica do FMI revela que, em comparação à economia global, a melhor fase para o País nas últimas duas décadas foi na segunda metade dos anos 2000, entre 2007 e 2010, quando o PIB brasileiro cresceu 4,6% ao ano, ante 1,87% no mundo. O resultado veio a despeito da crise de 2008, devido à combinação entre uma grande expansão do mercado consumidor doméstico e o “boom” das commodities.
Chance perdida
No período do governo Lula, segundo economistas, o País não soube aproveitar essa bonança para fazer reformas que garantissem o aumento da produtividade, essencial para o crescimento. Entre 2015 e 2018, o crescimento médio brasileiro foi de 0,96%, enquanto a economia mundial estava em expansão de 2,96% e a da América Latina, de 2,22%.
Hoje, a expansão do PIB se beneficia de uma alta capacidade ociosa na economia. De acordo com Bráulio Borges, economista da Fundação Getúlio Vargas e da LCA Consultores, há sete anos a economia brasileira vem operando abaixo do seu nível potencial. O PIB potencial é o nível de crescimento que pode ser obtido com a plena utilização dos recursos disponíveis, sem pressões inflacionárias.
Há mais de uma década, por exemplo, a economia crescia a 4% ao ano e o PIB potencial, a 3%, o que estava criando um estrangulamento da capacidade produtiva. Hoje o PIB potencial cresce pouco e o PIB efetivo menos ainda, mesmo tendo margem para crescer bem mais no curto prazo. “Com esse nível de ociosidade há tanto tempo, era de se esperar que a economia brasileira estivesse crescendo bem mais do que a de outros países”, avalia Gobetti.
‘Vitória de Pirro’
O avanço atual é visto com desconfiança. “É muito mais fácil crescer 3%, como parece estar acontecendo agora, quando se tem excesso de ociosidade”, diz ele. Para ele, essa é uma “vitória de Pirro”. Um período tão longo da economia operando abaixo do pleno emprego pode trazer impactos persistentes sobre o potencial de crescimento daqui em diante – fenômeno que os economistas têm chamado de “cicatrizes”.
Os indícios podem ser observados no mercado de trabalho. Entre eles está a fuga de “cérebros”, os brasileiros qualificados que buscam oportunidades no exterior. O desemprego de longa duração também reduz o potencial de crescimento. “Se uma pessoa fica dois, três anos fora do mercado, sem adquirir nenhuma habilidade, a reinserção fica muito mais difícil”, ressalta Borges. Na prática, ou a pessoa vai para a informalidade ou passa a exigir do governo algum tipo de proteção.
Nessa situação, as empresas também começam a reduzir investimentos. Outra consequência é o rebaixamento de expectativas dos agentes econômicos. As pessoas começam a ficar mais avessas ao risco, sem querer empreender.
Estímulo eleitoreiro
Para Borges, a economia está surpreendendo em 2022. Mas essa melhora no curto prazo tem sido feita à base de medidas eleitoreiras, como a liberação de recursos do FGTS e os recursos da PEC Kamikaze, que despejou R$ 41 bilhões para o pagamento de benefícios sociais.
A incógnita é como vai se comportar o PIB em 2023. Enquanto a equipe econômica comemora dados no curto prazo e projeta alta de 2,5% para o ano que vem, o mercado estima avanço bem mais modesto, de 0,5%. Borges lembra que a produtividade vem caindo e que o investimento em infraestrutura nos últimos três anos está em torno de 1,7% do PIB% ao ano, enquanto deveria estar ao redor de 4%.
O economista da FGV alerta também para o impacto negativo das reformas que não foram feitas, como a tributária, além do que chama de contrarreformas, como a bomba fiscal que foi construída para 2023, que deverá exigir aumento da carga tributária no futuro. “Sem sustentabilidade fiscal, é difícil ter um trajetória de crescimento sustentável digna do nome.”
Mais Lidas
Nenhuma postagem encontrada.
Negócios
Bahia Farm Show começa nesta segunda com expectativa de público recorde
TCU sugere desindexação de aposentadoria
BC ainda guarda R$ 8,16 bilhões em valores a receber
Algodão brasileiro alcança maior participação no mercado externo
Banco Central precisa de autonomia financeira, afirma Campos Neto
Solenidade de abertura da Bahia Farm Show ocorre nesta segunda-feira
Salvador recebe edição do Dia Livre de Impostos nesta quinta
Caravanas de 11 estados participam de evento de turismo em Sauípe
Últimas Notícias
Defesa Civil alerta para novas chuvas no RS nesta semana
De acordo com o comunicado, tanto a Defesa Civil quanto a Sala de Situação do estado monitoram o avanço de uma frente fria
Sem Bolsonaro, manifestação contra Lula e Moraes fica esvaziada
Ato reuniu um número mais tímido de pessoas do que os convocados pelo próprio ex-presidente
Goleada do Cuiabá sobre Criciúma deixa Vitória na lanterna do Brasileirão
Foi a primeira vitória da equipe mato-grossense na competição
Kleber Bambam diz que foi ‘o maior fenômeno do BBB no geral’
Influencer venceu a primeira edição do reality, em 2002
ANS cobra esclarecimentos de plano de saúde sobre suspensão de vendas
A partir de 1º de julho, os clientes da Golden Cross passarão a ser atendidos na rede credenciada Amil
Em partida contra o México, Endrick iguala recordes de Pelé, mas rejeita comparações
Atleta marca com a camisa da Seleção Brasileira em três jogos consecutivos antes dos 18 anos
Prefeituras da Bahia receberão primeiro repasse do FPM de Junho com alta de 30%
Valor supera expectativas e impulsiona os cofres municipais
Lulu Santos tem “plena recuperação” após crise de gastroenterite, diz boletim
Previsão é que cantor tenha alta nesta segunda-feira (10)
Após derrota, o presidente da França dissolve parlamento e antecipa eleições legislativas
Em resposta a resultados desfavoráveis nas eleições do Parlamento Europeu, Macron busca renovar a Assembleia Nacional com novas eleições
Bahia Farm Show começa nesta segunda com expectativa de público recorde
Solenidade de abertura contará com a presença de autoridades e representantes do agronegócio nacional