Ginecologista defende conscientização das famílias para ampliar cobertura vacinal contra HPV
Convidada do Podcast do Portal M!, Ana Gabriela Travassos disse que é preciso combater tabus e aumentar acesso ao rastreamento para reduzir incidência do câncer de colo do útero
A comunidade médica especializada em Ginecologia alerta para o “Setembro em Flor”, mês de conscientização quanto aos cânceres ginecológicos. São eles: endométrio, ovário, vagina, vulva e colo de útero – o tipo mais comum. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 16,7 mil brasileiras devem ser diagnosticadas com câncer de colo de útero ao longo deste ano. Do total de casos, 1.090 serão na Bahia.
O Inca também aponta que o tumor maligno de colo de útero é a terceira causa de morte feminina por câncer no país, atrás dos cânceres de mama e do intestino – a estatística não leva em conta o câncer de pele não melanoma.
A vacina contra o vírus HPV, responsável por 70% dos tumores do colo do útero, é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O público-alvo da imunização são meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Contudo, de acordo com o Ministério da Saúde, apenas 55% dessas meninas tomaram as duas doses da vacina contra o HPV em 2022.
Entre eles, a taxa é ainda mais baixa: 36,4%. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) aponta que, para que a circulação do vírus seja controlada, ao menos 90% desses grupos deveriam estar protegidos.
Para entender melhor sobre o câncer de colo de útero, os seus sinais e a importância da vacinação, o podcast do Portal M! recebeu a médica ginecologista Ana Gabriela Travassos. Ela é professora adjunta da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), mestra em Patologia Humana pela Fiocruz/UFBA e doutora em Medicina e Saúde pela Ufba.
Um dos fatores apontados pela ginecologista para o alto número de mortes em decorrência do câncer de colo de útero é a dificuldade de acesso ao rastreamento que é feito através do exame preventivo ginecológico, também conhecido como papanicolau. O procedimento consiste na coleta de células do colo do útero.
“Isso é um profissional de saúde que tem que fazer, então é preciso ir até uma unidade de saúde, agendar esse horário, e isso tem dificultado um pouco esse rastreamento que tem como objetivo identificar lesões que aparecem antes do câncer e tratar essas lesões”, explicou Ana Gabriela, que atualmente atende nas clínicas IDEM e AMO.
O segundo fator apontado pela especialista é momento de estrangulamento, que é quando aparece uma alteração no resultado do exame preventivo. De acordo com Ana Gabriela, não existem muitos serviços no país que fazem o tratamento das lesões precursoras.
Isso faz com que muitas mulheres fiquem com exames alterados por um tempo grande, sem conseguir o tratamento adequado e aumentando as chances de que aquela lesão precursora se torne câncer.
“O câncer leva cerca de dez anos para se desenvolver a partir da primeira infecção do HPV, que é o vírus que está associado fortemente ao câncer de colo de útero. Nem toda mulher que tem HPV vai ter câncer, e 80% das que têm o HPV vão eliminá-lo. Mas um percentual vai evoluir para essas lesões precursoras, causadas pelo HPV que ltera aquelas células, uma alteração inicial, mínima. Mas se essas mulheres não tratarem essas lesões, cerca de 2% vão evoluir para o câncer”, explicou.
Vigilância constante
A ginecologista ressalta que o câncer de colo de útero precisa ser rastreado em mulheres de 25 a 64 anos. De acordo com o Ministério da Saúde, o preventivo ginecológico precisa ser feito, inicialmente, uma vez a cada ano. Se ele for negativo nos dois primeiros exames, deve passar a ser realizado uma vez a cada três anos. Caso a mulher apresente alguma alteração, ela deve tratá-la e fazer uma nova avaliação.
Como em geral não apresenta sintomas na sua fase inicial, o câncer de colo de útero requer um rastreio constante através dos exames preventivos. Os sintomas costumam aparecer quando o tumor já está evoluído e incluem sangramento inexplicável, fora do período menstrual ou após a relação sexual; corrimento vaginal com um odor estranho e fétido; além de dor no momento da relação sexual.
Conscientização das famílias
Ana Gabriela Travassos apontou alguns fatores que explicam a falta de adesão à vacina contra o HPV. Muitas vezes, a recusa está relacionada ao tabu social que se foi criado quanto ao sexo. A médica também apontou o movimento antivacina, que “levanta argumentos que são baseados em fake news e que estão prejudicando a saúde da nossa população, principalmente da nossa juventude”.
“A vacina do HPV, inicialmente, foi tratada como aquela que previne infecções sexualmente transmissíveis, visto que o HPV é transmitido através da relação sexual. Muitos pais entendiam que vacinar os seus filhos seria incentivá-los a ter relação sexual […] A gente entende que o HPV é o agente causador de 98% dos casos de câncer de colo de útero. Então, a gente consegue, com a vacina, proteger 70%. E com outras proteções, como o uso de camisinha, o seguimento do preventivo, a gente consegue também proteger contra os cânceres que são causados por outros fatores. É preciso trabalhar mesmo a questão dos pais, para que eles entendam que estão protegendo suas filhas de câncer de colo de útero e seus filhos de cânceres de garganta, que também está associado ao HPV, câncer de pênis, câncer anal. A vacina realmente protege contra o câncer, e a gente precisa falar sobre isso para aumentar essa cobertura”, detalhou.
A ginecologista também destacou outros fatores como fatores de risco para o câncer de colo de útero, como o tabagismo, a obesidade, o consumo excessivo de álcool e as relações sexuais sem proteção. Ana Gabriela ressaltou a alimentação balanceada, a prática de exercícios e o autocuidado como boas práticas de prevenção à doença.
Confira a íntegra no nosso podcast:
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