“Tenho pacientes que melhoraram até 90% após o Canabidiol”, diz médica sobre uso medicinal da Cannabis

A médica da Clínica de Tratamento de Dor, em Ondina, Juliana Badaró, que trabalha com medicamentos à base de substâncias extraídas da Cannabis Sativa ou maconha, no popular, revelou que tem pacientes que sofrem com algum tipo de dor crônica e apresentaram melhoras de até 90%.

“Temos vários pacientes fibromiálgicos e outras patologias com dores crônicas e que já introduzimos o Canabidiol por esgotar todas as possibilidades com os medicamentos tradicionais. Fizemos todo o passo a passo, com todas as orientações para aplicação e tudo para que diminua o sofrimento desses pacientes”, disse Juliana Badaró, durante entrevista com o editor-chefe do Portal M!, Osvaldo Lyra, no programa Nova Manhã da rádio Nova Brasil, desta sexta-feira (2).

“Tenho pacientes que melhoraram de 80% a 90% após uso do Canabidiol. Quando eu faço o relatório para a aplicação desses medicamentos, eu mostro tudo o que já fiz desde o começo, quando todos os nossos recursos esgotaram com os medicamentos tradicionais, até o uso do Canabidiol e o efeito que causa e há uma melhora significativa da qualidade de vida desses pacientes”, acrescentou.

O Canabidiol nada mais é do que uma das muitas substâncias extraídas da Cannabis Sativa para o uso medicinal, assunto polêmico que é discutido em diversos países do mundo, inclusive no Brasil, pois ele sempre vem acompanhado com a pauta da liberação da maconha. Em solo nacional, o cultivo da erva, assim como a comercialização e consumo da planta, sem um relatório médico ou judicial (a depender do caso) que justifique tal prática é enquadrado como tráfico de drogas previsto no artigo 33 da Lei 11.343/2006.

No entanto, segundo a Câmara dos Deputados Federais, o plantio de maconha para pesquisas e o preparo de medicamentos já são permitidos em lei, mas é preciso a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regularize para que isso se concretize, pois faltam regras que determinem como e onde o cultivo pode ser realizado.

Mesmo sem ser considerado um medicamento ainda, há estudos que comprovam a eficácia da Cannabis, gênero da planta do qual a maconha faz parte, no tratamento de epilepsia, Parkinson, glaucoma, câncer, esclerose múltipla e outras doenças. Pacientes que desejam plantar precisam de autorização judicial ou recorrer a importação de medicamentos caros.

Questionada sobre os possíveis efeitos colaterais das substâncias derivadas da maconha, Badaró afirmou que “na literatura (artigos científicos) não há indicações sobre o efeito colateral do Canabidiol”. Ela explicou que, normalmente, a aplicação é feita por meio de um vetor como, por exemplo, um óleo de milho – fato este que pode gerar uma reação alérgica por conta do ‘milho’ e não do Canabidiol.

“Um óleo que pode ser de milho e de repente a pessoa tem alergia ao milho, então a reação alérgica se tem pelo veículo que foi o Canabidiol e não ao Canabidiol. Há pessoas que têm algum tipo de alergia a algum tipo de corante, como pessoas que relataram que sentiram o gosto amargo ou que não conseguiram comer depois. Então, eu não considero isso como efeitos colaterais”, disse Juliana Badaró.

Ela ainda falou sobre a aplicação medicinal da maconha para pessoas de baixa renda que sofram de alguma dor crônica e autoimune como Alzheimer, Parkinson e até casos mais graves de epilepsia, cujo tratamento com medicamentos falharam. Para a especialista, é preciso passar um médico e obter um relatório, assim como a receita específica.

“Para pessoas que não têm condições de adquirir um medicamento de até R$ 40 reais ou até R$ 300 porque vai depender da dosagem da substância, sendo quanto mais alto, mais caro é, o paciente pode procurar o SUS com um relatório médico, com todos os critérios exigidos e apresentar ao setor de medicamentos de alto custo do SUS. Hoje uma grande maioria já tem acesso via SUS a essas medicações”, disse Badaró.

Na Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) há o setor de Assistência Farmacêutica, onde pode ser consultado a relação e exigências para aquisição de medicamentos. 

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*Confira a entrevista na íntegra: