“Esse retrocesso é que precisa ser detido”, avalia presidente da ABI sobre os ataques à imprensa e instituições públicas do Brasil
Ernesto Marques foi o entrevistado do programa Nova Manhã, na rádio Nova Brasil FM, nesta quarta-feira (13)
Desde que assumiu a presidência da República em 1º de janeiro de 2019, Bolsonaro promoveu ou incitou diversos ataques e levou a desacreditação da sociedade sobre a imprensa brasileira e de instituições públicas, como o Supremo Tribunal Federal (STF) e o mais recente ataque ao Supremo Tribunal Eleitoral (STE).
Na avaliação do presidente da Associação Baiana de Imprensa (ABI), Ernesto Dantas Araújo Marques, tais atitudes simbolizam um “retrocesso que precisa ser detido”. Ele participou da entrevista com editor-chefe do Portal M!, Osvaldo Lyra, no programa Nova Manhã, na rádio Nova Brasil FM, nesta quarta-feira (13).
“Veja que em todo o mundo as pessoas estão sendo induzidas a baixarem suas defesas orgânicas, quando são levadas a duvidar da ciência, das vacinas, a desacreditar da medicina. Mas, quando a gente desacredita da imprensa, das instituições, dos sindicatos, das organizações da sociedade, aí a gente baixa a nossa defesa como cidadão e como gente e abrimos espaço para qualquer tipo de violência contra a sociedade”, disse.
As séries de insinuações de Bolsonaro sobre os poderes públicos têm colocado em xeque a atuação das instituições. Depois de promover a descredibilidade pública sobre o STF, o presidente da República tem direcionado suas forças para o TSE e colocando em risco a democracia brasileira ao afirmar que o sistema eleitoral do Brasil é falho. Em seus comentários, geralmente feitos para apoiadores, Bolsonaro chegou até sugerir uma espécie de falcatrua envolvendo o presidente da Corte, Edson Fachin.
Na última segunda-feira (11), menos de uma dia depois da morte do tesoureiro do PT e guarda municipal, Marcelo Arruda, o mandatário do Planalto tentou desviar o foco da empresa para o caso, uma vez que o crime foi cometido pelo bolsonarista e policial penal federal Jorge Jose da Rocha Guaranho, para o ministro.
“Ontem, o Fachin falou que não tem mais conversa com as Forças Armadas. Eu acho que ele já se intitulou ditador do Brasil. Quem age dessa maneira não tem qualquer compromisso com a democracia. Deixo bem claro, Fachin foi quem tirou Lula da cadeia e sempre foi advogado do MST. Nós sabemos o que tem na cabeça dele”, declarou Bolsonaro em conversa com apoiadores.
O guarda-chuva da ABI
Ernesto explicou que, não diferente do Sindicato dos Jornalista da Bahia (Sinjorba), mas com atribuições distintas, a ABI funciona como um ‘guarda-chuva’ para a categoria e para a sociedade em geral. Ele é duro e taxativo ao afirmar que um ataque em forma de assédio moral ou judicial de um profissional de imprensa a fim de coagir toda uma categoria, é uma ataque direto à democracia brasileira.
“A ABI é um grande guarda-chuva. Ela congrega não somente os profissionais de comunicação, mas os dirigentes e empresários da área. A ABI, como entidade associativa, tem a obrigação de defender um espectro um tanto mais amplo e não é mais importante ou maior, mas são atribuições diferentes. Aqui a gente luta por um ambiente sadio para que a imprensa possa trabalhar. E isso implica em admitir o contraditório, a diferença, a divergência, a denúncia, mas sem perder o respeito jamais”, disse.
“A gente se organiza para fazer a defesa coletiva, ainda que em casos individuais, não só da nossa corporação, mas da sociedade. Quando acontece, por exemplo um episódio de assédio judicial ou qualquer tipo de ação violenta contra a imprensa com a intenção de intimidar um jornalista e a partir da aí, espalhar o medo em toda a categoria, isso é um atentado contra a democracia e deve ser entendido dessa forma e não só por nós que somos alvos diretos, mas por toda a sociedade”, endossou.
A classe jornalística tem sido alvo de constantes ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL), desde que assumiu a gestão nacional, em 1º de janeiro de 2019. Dados de uma análise feita pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), apontam que o presidente do Brasil e seus filhos políticos usaram o Twitter para atacar a imprensa, pelo menos 801 vezes, entre 1º de janeiro de 2021 e 5 de maio de 2022.
Segundo o levantamento, a cada 14 horas era emitido um ataque a veículos, jornalistas ou a atividade da imprensa no Brasil.
A casa de Rui Barbosa
Como nem tudo é sobre Bolsonaro, o presidente da ABI também falou sobre o Museu Casa de Ruy Barbosa. O acervo é instalado na casa onde nasceu o jurista, escritor e jornalista, no Centro Histórico de Salvador, e vai ser repaginado pelas mãos do arquiteto e designer Gringo Cardia. A iniciativa faz parte da agenda “Ruy Barbosa, 100 anos depois”, comemorativa ao centenário de falecimento do jurista baiano.
“As pessoas me perguntam o porquê de comemorar a morte de Ruy Barbosa, mas não é sobre isso. Queremos aproveitar toda riqueza com o acervo que ele tem, mas agregar uma linguagem nova. Rui Barbosa é, aparentemente, muito conhecido, mas Rui é uma jazida de informações, de boas histórias e tudo que estamos vivendo hoje tem lá, um precedente na vida ou na obra de Rui Barbosa”, explicou Ernesto.
Considerado o pai da República brasileira, Ruy Barbosa, que chegou a ser Ministério da Fazenda durante o governo provisório de marechal Deodoro da Fonseca, período de transição do Império para a República (1849-1923). O jurista já abordava temáticas modernas e contemporâneas, como direito da mulher e a questão de militares na política.
“Ruy estruturou o poder judiciário, foi ele quem estruturou a República brasileira, os três poderes, as Cortes Supremas, Cortes de Contas. Hoje, estamos vivendo um momento de campanha eleitoral e é uma campanha eleitoral muito quente e preocupante para nós jornalistas. Talvez seja a campanha mais perigosa para os jornalistas brasileiros até hoje. Estamos muito preocupados com isso”, avaliou.
Confira a entrevista na íntegra:
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