Em alta entre os jovens, cigarros eletrônicos são alvo de preocupação entre sociedades médicas

Com essências e sabores diversos e uma aparência que pode variar, o cigarro eletrônico tem virado moda, sobretudo, entre os mais jovens. No entanto, se engana quem acha que a novidade não oferece problemas. De acordo com médicos especialistas, o uso do produto pode provocar consequências tão nocivas quanto o tabagismo, incluindo doenças pulmonares e cardiovasculares e câncer.

De acordo com o pneumologista e diretor de Assuntos de Saúde Pública da Associação Bahiana de Medicina (ABM), Guilhardo Fontes Ribeiro, os cigarros eletrônicos induzem a várias doenças em uma idade precoce – pulmonares, cardiovasculares, cerebrais e outras, além do câncer.

Segundo o especialista, as pessoas que utilizam o equipamento estão expostas a tantos problemas quanto aquelas que utilizam o cigarro tradicional.

“Sim, afinal é um cigarro, seja ele ou não eletrônico. Ele cria dependência, além da nicotina estar relacionado a um grande numero de doenças, entre outras substâncias químicas que são liberadas pelos vapores aquecidos do dispositivo. Vale lembrar que, no passado, era usado cigarro com filtro e mentolado, com o objetivo de passar uma falsa sensação de segurança, assim como estão fazendo com os vaporizadores, em diversos formatos, que seduzem os jovens”, relata.

Para o médico, o grande problema dos usuários do cigarro eletrônico é a dependência, além da indução do tabagismo passivo, que podem ocasionar doenças pulmonares agudas e crônicas, além de infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC). “Tudo isso em pessoas jovens, coisas que não se viam em cigarro tradicional”, aponta Guilhardo Fontes Ribeiro.

Proibição em 2009

Os chamados Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs) passam agora por um processo de discussão e atualização de informações técnicas. Eles foram proibidos em 2009 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Diante deste quadro, a Associação Médica Brasileira (AMB), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e diversas entidades médicas, como a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), se uniram em torno da proibição do comércio dos cigarros eletrônicos.

Para tanto, as entidades emitiram um alerta à Anvisa sobre os prejuízos causados pelo aparelho e têm realizado diversas campanhas apontando que o cigarro eletrônico também é cigarro, deixando de lado a imagem de que o objeto é uma alternativa mais saudável ao produto convencional.

Atualmente, a Anvisa está na fase da Tomada Pública de Subsídios, aberta a receber informações técnicas a respeito dos cigarros eletrônicos.

“A Anvisa deve dizer sempre não, em razão da saúde coletiva do nosso país, sem sobra de duvidas. Caso contrário, todo trabalho desenvolvido para controle do tabagismo no Brasil seria seriamente danificado, e olhe que o Brasil é referência nisso”, ressalta Guilhardo.

Além disso, o pneumologista reforça que são necessárias medidas mais rigorosas para fiscalização da venda dos objetos, além de punição de violadores desta resolução. De acordo com ele, não existe alternativa saudável para a prática do tabagismo.

“É fundamental como medida preventiva, inibindo a divulgação e glamorização dos vaporizadores, que têm sido um grande problema de saúde publica em todo o mundo e no Brasil, seduzindo os jovens”, enfatiza.

Para ele, o cigarro eletrônico nada mais é que uma nova versão do cigarro antigo com a tecnologia incorporada, mas com a intenção de vender a mesma droga.