PT dará protagonismo a ilustre desconhecido na Bahia

“Tudo o que puder dar errado dará”, diz a famosa Lei de Murphy. A reunião da última semana na sede do Partido dos Trabalhadores (PT), no Rio Vermelho, que definiu o nome do secretário de Educação Jerônimo Rodrigues como o pré-candidato do partido nas eleições de outubro mostrou que a sigla que comanda a Bahia há quase 16 anos pode ter perdido o rumo. 

A decisão pode ser o início para o fim da linha do PT baiano. Com o anúncio de Jerônimo (homem, quem és tu?) como pré-candidato do partido ao governo, o PT mostra em praça pública a aparência do possível candidato derrotado nas eleições deste ano. Digo possível porque na política o que não há é certeza. 

Mesmo dispondo do governo do Estado para levar à vitrine uma pose capaz de seduzir parte do eleitorado, à candidatura de Jerônimo – que ganhou no xadrez para a prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho, e o secretário de Relações Institucionais, Luiz Caetano – deve sucumbir. Sorte, palanques no interior, dinheiro e aliados de peso podem mudar esse cenário para o grupo governista baiano. Mas neste momento nada disso parece ser capaz, à primeira vista, de empolgar até mesmo os petistas “raiz”. 

“Nunca interrompa seu inimigo enquanto ele comete um erro”. A frase de Napoleão, dita em 1805 durante uma batalha – e aí pode ser a Batalha de Trafalgar, a Batalha de Austerlitz ou qualquer outra batalha menor – é música para os ouvidos de quem quer ver o PT longe do Palácio de Ondina. A frase é também traduzida de outras duas maneiras: “Jamais interrompa o seu adversário quando ele estiver cometendo um erro” e “Nunca interrompa um inimigo enquanto ele estiver no processo de auto-destruição”. Ainda que uma seja mais um pouquinho pesada que a outra, o significado é o mesmo. 

Candidato oposicionista neste cenário, ACM Neto (União Brasil) age como Napoleão. Nem em seus melhores sonhos, o ex-prefeito de Salvador e principal concorrente do PT na Bahia imaginou enfrentar um candidato governista sem nenhuma envergadura – imaginava enfrentar Wagner (PT), Otto (PSD) ou João Leão (PP). A percepção de quem observa de fora é que mesmo sem ter entrado em campo ainda, a derrota do PT e, consequentemente, a vitória de Neto é certa. 

O agora protagonista da cena petista na Bahia e principal concorrente de Neto chegou ao governo do estado em 2007, no primeiro mandato de Wagner, como Assessor Especial da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação. Em 2010, se tornou Assessor Especial da Secretaria do Planejamento do Estado da Bahia. Depois, também foi membro do Conselho Nacional de Economia Solidária, do Conselho Curador da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), do Conselho do Fundo de Combate à Pobreza do Estado e do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Baiano. Antes de assumir a Educação, durante o governo de Rui Costa, foi chefe da pasta de Agricultura. Nos bastidores, no entanto, é “conhecido” ainda como o  irmão da vereadora de Salvador Marta Rodrigues. 

Em suma, a escolha de Jerônimo – o desconhecido que comanda uma das principais pastas do governo baiano – não serve senão para expor a falta de rumo da campanha petista na Bahia. Game over.

*Davi Valadares é jornalista em formação e repórter do jornal Tribuna da Bahia e do Portal M!

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