‘Relação de Putin com Ocidente nunca mais será a mesma’, aponta Armando Avena

O início da guerra entre Rússia e Ucrânia trouxe uma certeza para economista Armando Avena: a relação do presidente russo, Vladmir Putin com o Ocidente, nunca mais será a mesma, após ele adotar, na prática, uma postura diferente do que vinha pregando em conversas com os países do Ocidente.

A declaração de Avena foi dada nesta sexta-feira (25), em uma Mesa Redonda promovida pelo Grupo A Tarde e mediada pelo colunista da publicação, Osvaldo Lyra. Também participou do bate-papo o cientista político Cláudio André de Souza (a live, na íntegra, você pode conferir no vídeo abaixo).

“Era uma crise anunciada, com os lados apresentando justificativas (…) O que não é aceitável é a guerra como instrumento de resolução de problemas. não afeta os grandes políticos e sim pessoas (…) ela vai trazer grandes impactos sob o ponto de vista da geopolitica internacional, quanto da economia. Por causa disso, a relação de Putin com o Ocidente nunca mais será a mesma. Não vai se acreditar mais no que ele diz. Por outro lado, o Ocidente foi ingênuo. Há 4 anos, a Rússia vem preparando uma ação e que nos últimos meses ocorreu de forma acelerada”, lembrou Avena.

Bolsonaro

Questionado sobre o posicionamento do Brasil em meio a este conflito, Cláudio André afirmou que o país, além de ter sido inabilidoso quanto a situação, destacou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) viajou à Rússia, antes da guerra, apenas com objetivos eleitoreiros.

“A ideia foi de movimentar as redes sociais, pensando apenas no pragmatismo do que posição de Estado. Essa próximidade com a Rússia, representa um rompimento de uma política construída por décadas, de não se envolver em conflitos internacionais”, analisou.

“A viagem de Bolsonaro foi fora de contexto, desfazendo a posição brasileira na política externa. Foi uma aposta errada, uma atitude para tentar mostrar que não está isolado, mas está. Por outro lado, parece mais preocupado com as declarações do vice do que com a invasão em si”, completou Armando Avena.

Impactos na economia

Com relação a economia brasileira, o economista acredita que o impacto no setor, do ponto de vista do comércio direto entre Brasil e Rússia, não será muito grande. Porém, observando a questões indiretas e as sanções aplicadas, as repercussões podem ser enormes, com elevação no preço dos combustíveis e aumento da inflação.

“Haverá piora do cenário economico e o Brasil precisa estar preparado para conter os impactos. Mas este acontecerá em todo o mundo. Acredito que o ano de 2023 será mais difícil”, alertou Armando Avena.